Informativos
08 de Fevereiro de 2023
Mulheres habilitadas para dirigir veículos grandes representam menos de 5%
Dados do Senatran mostram que as condutoras correspondem a apenas 3,4% dos condutores habilitados em 2022.
Em 2022, apenas 3,4% dos condutores habilitados para dirigir caminhões, ônibus e
carretas eram mulheres, segundo levantamento da Secretaria Nacional do Trânsito
(Senatran). Em São Paulo, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(CAGED) mostram que, dos 70.641 motoristas admitidos em 2021, apenas 1,51% eram
do gênero feminino.
O gradual aumento no número de motoristas femininas é um reflexo das práticas de
ESG (sigla para governança ambiental, social e corporativa). “A grande maioria das
empresas possui vagas de motoristas em aberto e, aliadas às pautas ESG, tais
oportunidades se tornam cruciais para a sustentabilidade dos negócios e toda equipe
de RH está atenta para a diversidade nos processos seletivos”. Dados mostram que em
2021, no setor de transporte rodoviário de cargas (TRC), ocorreu um aumento de 61%
de mulheres contratadas, só que a maioria ainda se concentra em áreas administrativas,
de acordo com o Instituto Paulista do Transporte de Cargas (IPTC).
Em 2021, ocorreram 32.094 admissões de motoristas mulheres em empresas de TRC.
“As lideranças empresariais estão mudando de pensamento, até porque se não abrirem
os olhos para todos os talentos, independentemente de gênero, raça, etnia ou credo,
estarão fadadas ao insucesso. A diversidade é real e necessária, e a empresa que não
estiver atenta a isso não perdurará no mercado.
A motorista de Bitrem, que atua no setor há mais de 21 anos, começou em coletas e
hoje faz transferência rodoviária em um veículo de 30 metros. Também acredita que o
cenário está mudando: “Vejo um futuro bem promissor para as mulheres no transporte,
mesmo porque as empresas estão visualizando o potencial feminino. As mulheres têm
a capacidade no dito popular de ‘assobiar e chupar cana’, sem deixar a peteca cair”.
O estudo How Diversity Can Drive Innovation (“Como a diversidade pode impulsionar
inovação”, em tradução livre), publicado pela Harvard Business Review (HBR), mostra
que organizações com um grau de diversidade maior são 3,5 vezes mais inovadoras.
Outra pesquisa, que acompanhou 163 empresas por 13 anos, revela que companhias
com mais mulheres em cargos de lideranças arriscam menos e inovam mais.
A inclusão de mulheres no mercado pode trazer mais arrecadação para um país,
segundo o Banco Mundial. É estimado que um país é capaz de perder US$ 160 trilhões
(R$ 855 trilhões) em impostos quando não conta com homens e mulheres trabalhando
em status de igualdade.
Dentro do transporte de cargas, as mulheres vêm conquistando os seus espaços. Elas
provaram ao longo dos anos que têm total capacidade de conduzir qualquer tipo de
veículo, além de serem mais cuidadosas, inclusive, se envolvem em menos acidentes de
trânsito. Dessa forma, que piadinhas no sentido contrário perderam a graça, e com
muita força de vontade e persistência elas têm mostrado que são ótimas no volante e
estão sempre dispostas a aprender e a se qualificar cada vez mais”.
Reserva de vagas de motoristas para mulheres – O Projeto de Lei 2.493/22, que já foi
aprovado e atualmente se encontra aguardando a designação de relator na Comissão
de Defesa dos Direitos da Mulher, propõe uma reserva de 5% às mulheres em vagas de
trabalho como motorista profissional. É uma das ações tomadas pelo poder público para
incentivar empresas a incluírem mulheres em seus quadros de funcionários.
“Falar sobre mulheres não é modismo como muitos pensam. Simplesmente é uma
questão social de extrema importância, sobre a qual teremos que debater para que a
sociedade perceba que as condições, as oportunidades e o espaço ainda não são
igualitários. O esforço e a lembrança são necessários para que tudo isso ocorra. Não
almejamos ter mais do que os homens: queremos ter as mesmas oportunidades.
Queremos ter vez e voz, sempre.